sábado, 2 de março de 2013

Dia 61

O olhar fixo que via despertar em poemas de outros
até passar por mim, estava ela serena e calma
ao relaxar no som da voz tímida, de poeta.
Nua á toa ao léu de olhares alheios,
em tempo de amar-te e
querer-te.
E a cada suspiro uma palavra de ansiedade
que toma a frente de meu corpo,
como um carro a atropelar as canções
instrumentais que um dia te fizeram (e não fazem mais).
E sem poupar tais palavras,
deixar voar o vento que sopra ao norte,
ou sul da direção que leva o seu corpo de dama
ao meu de plebeu.


B!

Dia 60

Abril o dia da mudança e perdão
abriu a vida e coração da poesia
que passeia por esses olhinhos discretos,
andarilho da razão que bate a pulsos fortes, largos
e lentos.
Rio sem poder nadar entre essas palavras sinceras
dizeres que me leva
amante das suas saias dançantes
que balança o meu amar de criança que sonha a cada girar.
Abriu o meu dia,
Abril o meu mês.


B!

Dia 59

Todo canto fio de cabelo,
todo canto amor e desejo
canto todo canção de amor,
afinar sem desafinar.
Calor da cama, do abraço e frio dos pés,
do dia bonito
da noite vencida,
serei escrita de criador,
beijo amante que bem te quer.
Toda espera que acaba e toda saudade
que vai embora.
E do tempo curtinho, do relógio que passa,
da vida que passa
do tempo que chega.
Inspiração que aparece nos dias de não ter
que colore em cores vivas, o nublado dos dias de solidão.
Aqui, sou
aqui somos,
lá, ainda sonhos
agora, realizamos.


B!

Dia 58

Acontece em meu coração cousas 
quando ouço o sotaque de lá, 
e fico saboreando estas brancas saias 
portuguesas, angolanas, baianas. 
Escrevo como indigente rimando o Pessoa, 
cá todo tanto é chamego 
tanto todo, aconchego da colônia 
que salta de tuas vestes dançantes 
e alegres.

[Uma singela homenagem à Portugal.]


B!

Dia 57

Sempre chove pela manhã
E a garoa que molha 
Com o vento a garota,
Faz-se presente
Quando o sol
Aparece.

B!

Dia 56

Vejo poesia em um saco
Plástico de supermercado
Voando livremente
Sobre os carros
Parados.

B!

Dia 55

Escrevo os seus sonhos
mi sueño
cultivo minhas flores
en su hermoso jardín
revelo fotos da sua digital
sólo para ver su sonrisa analógico
tudo é mais bonito
sensible
quando estou sozinho
a tu lado
sozinho digo: no plural
de singular,
ahora sólo nuestra
amor.


B!